Home Notícias Siemaco Como o combate ao crime organizado afeta a população?

Como o combate ao crime organizado afeta a população?

por Siemaco Guarulhos

O Brasil vive uma crise de segurança pública. De Norte a Sul, zonas dominadas por facções criminosas tornaram-se palcos de disputas violentas entre grupos rivais, seja pelo controle territorial ou em enfrentamentos com a polícia. Nesse fogo cruzado, quem mais sofre é a população: pessoas que apenas tentam viver o dia a dia, estudar, trabalhar e cuidar da própria família, em paz.

A violência tem se intensificado em diferentes estados, e, no Rio de Janeiro, a Operação Contenção se tornou um símbolo dessa escalada. Considerada uma das mais letais da história do estado, com mais de cem mortos, deixou moradores encurralados, com medo de ficar em pé dentro da própria casa.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, no Complexo do Alemão, 31 escolas tiveram suas atividades impactadas; no Complexo da Penha, foram 17 unidades. O cenário atinge diretamente estudantes que se preparam para o vestibular e outros exames, inviabilizando qualquer sensação de normalidade no estudo e na convivência.

A mobilidade urbana é outro setor que foi seriamente afetado. Segundo o Rio Ônibus, 71 veículos foram utilizados como barricadas e, por isso, estão quebrados. Um dano ao patrimônio público que é sentido diretamente por quem usa esse transporte todos os dias. Ao todo foram 204 linhas impactadas; o(a) trabalhador(a) perde, assim, um direito básico: o de ir e vir.

A economia também sente os efeitos

Comerciantes são obrigados a fechar as portas e veem suas mercadorias, clientes e rendas desaparecerem em meio ao caos.

“Favelas na mira do tiro: Impactos da Guerra às Drogas na Economia dos Territórios”, um levantamento do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), realizado em 2023, analisou que somente nos complexos da Penha e Manguinhos, no Rio de Janeiro, o prejuízo estimado entre lojistas e prestadores de serviço chegava a R$ 2,5 milhões.

De acordo com um estudo publicado pela Cambridge University Press (2025), cerca de 50 milhões de brasileiros, o que representa 24% da população, vivem em áreas controladas por facções criminosas. 

Um problema de segurança nacional

Em setembro, Vitória (ES) viveu uma onda de ataques e confrontos que resultaram na morte de uma criança, um adolescente e uma manicure, além de ter diversos ônibus incendiados. Pouco depois, no Rio de Janeiro, a megaoperação que matou dezenas de pessoas também vitimou Bárbara Elisa Yabeta Borges, passageira de um carro por aplicativo, atingida por um tiro na Linha Amarela.

O avanço da criminalidade e das operações mostra que o combate ao crime já não se limita às fronteiras do tráfico, tornou-se um desafio de segurança pública e de direitos humanos em diferentes regiões do Brasil. Nessa guerra, trabalhadores e trabalhadoras continuam pagando o preço, talvez alto demais.

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