O meio ambiente e a sociedade estão profundamente integrados e são interdependentes. Com o aumento da poluição e o avanço da degradação ambiental, a população sente diretamente as consequências — tanto na saúde quanto nas condições de trabalho.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de 70% da força de trabalho global está exposta a graves riscos para a saúde em razão das mudanças climáticas. O relatório aponta que 2,4 bilhões de pessoas enfrentam ondas de calor extremo em algum momento da sua jornada laboral.
Ambulantes, agricultores, carteiros, coletores, profissionais de telecomunicação, pintores, eletricistas, entregadores e operários da construção civil são alguns dos profissionais mais vulneráveis. Entre os impactos estão o câncer de pele, o estresse térmico, doenças respiratórias, exaustão e até problemas de saúde mental.
Gases e lixo: a poluição do dia a dia
A poluição está presente em quase todos os momentos do cotidiano. Um exemplo são os hidrofluorcarbonos (HFCs), gases de efeito estufa usados em sistemas de refrigeração e ar-condicionado.
O gás R-134a, encontrado em refrigeradores, freezers e bebedouros, tem potencial de aquecimento equivalente a 1.300 kg de dióxido de carbono (CO₂) por quilograma. Já o R-410a, muito usado em aparelhos de ar-condicionado, equivale a cerca de 1.900 kg de CO₂.
Esses gases, quando vazam, contribuem significativamente para o efeito estufa, inclusive em locais de trabalho, como lojas, escritórios e refeitórios que utilizam esses equipamentos.
Outro problema cotidiano é o uso de copos descartáveis, que podem levar até 400 anos para se decomporem. Além de dificultarem a reciclagem, agravam o volume de resíduos gerados. Em 2023, cada brasileiro descartou cerca de 382 kg de materiais sem destinação adequada. Alimentos estragados, plásticos e aparelhos eletrônicos são agentes diretos de poluição quando jogados no lixo comum.
Dessa forma, a contaminação atinge as ruas, rios e oceanos, ameaçando o meio ambiente e a saúde de quem trabalha com coleta, triagem ou limpeza urbana.
Lixo eletrônico e riscos à saúde
O mundo gerou, em 2022, 62 milhões de toneladas métricas de resíduos eletrônicos, segundo o Monitor Global de E-lixo das Nações Unidas. Esses materiais contêm metais pesados, e entre as substâncias mais nocivas estão:
- Chumbo: pode causar vômitos, diarréia, convulsões e até coma ou morte, conforme o nível de exposição;
- Mercúrio: provoca danos cerebrais e hepáticos;
- Arsênico: causa doenças de pele, lentidão nos impulsos nervosos e aumenta o risco de câncer de pulmão;
- Cloreto de polivinila (PVC): quando inalado, pode gerar sérios problemas respiratórios.
Ao entender os impactos dos gases e do descarte incorreto de lixos e resíduos eletrônicos, podemos adotar ações que parecem pequenas, mas criam efeitos positivos para o meio ambiente e para a segurança dos trabalhadores, em especial os(as) profissionais da área de asseio e conservação.
