Home Notícias Siemaco Por que “ser CLT” virou sinônimo de fracasso entre os jovens?

Por que “ser CLT” virou sinônimo de fracasso entre os jovens?

por Siemaco Guarulhos

Em um fenômeno que tem ganhado força nas redes sociais, a sigla CLT, da Consolidação das Leis do Trabalho, passou a ser utilizada por crianças e adolescentes como sinônimo de fracasso ou punição. Expressões como “vai virar CLT” têm sido empregadas em tom pejorativo, refletindo uma visão distorcida sobre o emprego formal no Brasil.

A influenciadora Fabiana Sobrinho compartilhou em seu TikTok uma conversa com a filha de 12 anos. A menina expressa temor em relação a ser CLT, associando a ideia a aspectos negativos como “andar de ônibus todo dia” e “ter um chefe mandando”. Esse relato não é isolado. As redes sociais estão cheias de casos semelhantes, indicando uma tendência preocupante entre os mais jovens.

Especialistas apontam que essa percepção negativa da CLT está ligada à ascensão de discursos que exaltam o empreendedorismo e a liberdade financeira como únicos caminhos para o sucesso. A coordenadora do programa Criança e Consumo do Instituto Alana, Maria Mello, destaca que “as mensagens passadas [aos jovens] são contrárias a uma perspectiva de ganhos no longo prazo e podem afetar o presente delas”.

Além disso, a proliferação de “coaches mirins” e influenciadores digitais que desdenham da educação formal e do emprego tradicional contribui para essa visão distorcida. Frases como “não nasci para ser CLT” têm se popularizado em plataformas como TikTok e Instagram, reforçando a ideia de que o trabalho formal é sinônimo de mediocridade.

A CLT, instituída em 1943, garante direitos fundamentais aos trabalhadores brasileiros, como férias remuneradas, 13º salário, FGTS e licença-maternidade. A demonização desses direitos pode levar os jovens a desprezar conquistas históricas e a se expor a relações de trabalho precarizadas e abusivas.

Por que a CLT é importante para o trabalhador?

Diante desse cenário, especialistas defendem a importância de uma educação que valorize os direitos trabalhistas e esclareça os benefícios do emprego formal. O advogado Bruno Minoru Okajima ressalta que “o termo CLT tem sido utilizado de forma pejorativa, muitas vezes associado à ideia de rigidez ou limitação financeira”, mas que é fundamental compreender seu papel na proteção do trabalhador.

A discussão sobre a valorização da CLT entre os jovens é crucial para garantir que as futuras gerações reconheçam e preservem os direitos conquistados ao longo de anos de luta.

Mais Notícias